"YABA BULUKU" E "HANSI KAMINA KUNA TCHUKELA" AMEAÇAM FUTURO DAS CRIANÇAS
Por: Pinto Paulo Comolo
Antes de avançar para o ponto que me fez escrever o presente artigo, gostaria de endereçar as minhas calorosas saudações aos fazedores de boa música moçambicana.
Ilustres! A música sempre foi considerada, por diversos autores, como uma prática cultural e humana. Não se conhece nenhuma civilização ou grupo de pessoas que não tenha manifestações musicais. Embora nem sempre seja feita com esse objectivo, a música pode ser entendida como uma forma de arte. Óbviamente, para indivíduos de muitas culturas, a música está, extremamente, ligada à sua vida.
Os estudos científicos mostram-nos que a música expandiu-se ao longo dos anos e, actualmente, encontra-se em diversas utilidades não só como arte, mas também como militar, educacional ou terapêutica (musicoterapia), e além disso, tem presença central em diversas actividades colectivas, nomeadamente, rituais religiosas, festa e funerais. A música é conhecida e praticada desde a pré-história. Em poucas palavras, significa que a música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia, isto é, a música é celeste de natureza divina e de beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição. Porém, não descarto a hipótese que, do ponto de vista comercial, a música pode ser transformada em negócio (para gerar lucros), mas desde o momento que não tenha conteúdos absurdos, insultuosos e melancólicos que quebram os princípios da éctica social e escamoteiam, sem reservas, a realidade da nossa cultura.
Pretendo com este artigo de opinião, trazer a luz da verdade sobre algumas músicas feitas somente para questões mercadológicas, músicas que influenciam, negativamente, na vida dos nossos filhos e das gerações vindouras. Sou da opinião que as músicas devem ter uma perspectiva educacional, sem necessariamente amputar os valores morais da nossa sociedade.
Infelizmente, o futuro das crianças está comprometida. Estão a crescer a escutar porcaria. É lamentável. Reconheço que cada sociedade escolhe o destino da sua vida, mas nós não podemos nos limitar em _groove_, músicas que insultam, músicas feitas só para engendrar futilidade com marcas de má educação. Eu cresci a ouvir marrabenta e outros estilos musicais, pese embora, a marabenta tenha sofrido uma pequena revolução.
Há dias, tirei lágrimas, no bairro de Mafalala. Deparei-me com um carro estacionado a tocar, com volume, ligeiramente, alto, as duas músicas venenosas (Yaba Buluku e Hansi Kamina Kuna Tchukela). Na ocasião, muitas crianças (com idades compreendidas entre 7 e 14 anos) aproximaram-se do local e começaram a dançar e, a exibir movimentos obscenos.
Na verdade, com as músicas injuriosas e sem escrúpulos, fica eminente a marginalização social, um caso para dizer que estamos nos sinais dos últimos tempos.
Diante de tudo isso, sugiro que a sociedade moçambicana recuse certas músicas, sob pena de, no futuro, as acções que estamos a cultivar hoje, tragam consequências nefastas. Os culpados seremos nós, como diz um pensamento filosófico: ”eduquem as crianças para que os adultos não cometam erros”. Nós colhemos o que plantamos. É impossível plantar batata-doce e colher mandioca. Portanto, seremos responsáveis pelas nossas acções.
Neste momento, o caro leitor deve estar a questionar: Como combater os tais actos que ameaçam o futuro da nossa sociedade? As possíveis respostas podem ser: não tocar as músicas insultuosas nas nossas residências, principalmente, durante os momentos festivos e; não tocar as músicas em causa em locais públicos.
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